De repente

De repente você anda sozinha e não posso mais reclamar das costas que doem ao te suportar nos passinhos frágeis.

De repente você quer se vestir sozinha, comer sozinha, colocar o prato na pia, ajudar a varrer o quintal e até a descer o lixo!

De repente você gosta de descer a escada sozinha, ou melhor, “dandando” e contando os degraus!

De repente, você sabe contar “uuuummm, doiii, teis, bove!”.

De repente você repete tudo o que ouve, participa de todas as conversas, começa a criar suas brincadeiras, ter referência de todas as pessoas que fazem parte da sua vida e tanto te amam. Sabe o nome deles, dos cachorros deles, pede para falar com eles, os “reconhece” em fotos de revista e até em personagens de televisão.

De repente você verbaliza (porque expressar, vc sempre expressou) suas vontades, escolhe entre suco de lalá e água de côco; entre pipi (pizza) e legumes cozidos (a pizza, claro!), escolhe a roupa que quer vestir de dentro da gaveta, o livro que quer ler e o local onde quer brincar.

De repente você abre o maior sorriso do mundo, ao ouvir o barulho do papai chegando em casa, ou então, de achar uma de suas bolas embaixo da poltrona – “acheeeeeeiiiiiiiii”.

De repente você dá o maior escândalo, grita, chora, me bate e bate no chão quando é contrariada ou incompreendida.

De repente, você ainda quer meu colo. Meu peito. Meu abraço.

De repente, me divido entre o alívio e a saudades; entre o cansaço e a realização.

Não mais que de repente, torço para que a gente continue sempre assim.